quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O Pensamento Antigo

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O PENSAMENTO ANTIGO

Abraão (1920a.C.) – Deus Único, monoteísta.
        Anaximandro e Anaxímenes de Mileto (580a.C.) – O ar é a origem das coisas, animado por um movimento eterno, que ocasionaria a separação dos pares opostos. Ao longo do tempo estes pares pagam as injustiças cometidas entre si.
            Plutarco – Não vemos o ar mas sentimos seu movimento. Dele tudo emana e nele tudo se dissolve. Como nossa alma que é ar, nos mantém unidos, assim um espírito e o ar mantém unido também o mundo inteiro. Espírito e ar significam a mesma coisa.
            Pitágoras (571 a 497a.C.) – A alma é originária de outro mundo e se une a matéria para se purificar. Tudo é regido pela lei geral denominada “Logos”.
            Anaxágoras ( 500a.C.) – Tudo era um todo. O espírito (nous) é que fez as coisas se afastarem, pela oposição, gerando movimento e diferenciação. Em todas as coisas ficou um pouco do espírito, que não se mistura com a natureza das coisas. O grau de inteligência dos seres vivos depende de sua estrutura física e do espírito (nous).
            Empédocles (492 a 432a.C.) – O amor e o ódio são as duas forças que impulsionam o ser humano. Nossos espíritos foram expulsos da morada dos deuses para se purificar, e se necessário for, devem reencarnar. A alcança-se a virtude (qualidades morais e espirituais) conciliando a razão (logos) e os sentidos.
            Demócrito (460 a 370a.C.) – A natureza das coisas eternas é formada de pequenas substâncias infinitas, que fogem a nossa percepção. A alma e a mente representam a mesma realidade.
            Orfeu (orfismo) – Só o deus das drogas, Dioniso (Baco), pode nos libertar dos ciclos de reencarnação, nos purificando para retornar a pátria celeste.
            Sócrates (470 a 355a.C.) – Para se aproximar de Deus, devemos conhecer a nós mesmos. Alcança-se a virtude através da inteligência.
Platão (429 a 347a.C.) – a alma é imortal e se une ao corpo mortal, para se purificar, fica confusa pois as coisas materiais se transformam e acabam. Em sua confusão o encarnado erra e se torna impuro, precisando reencarnar-se várias vezes até a purificação total. No período desencarnado, as almas são levadas ao Hades (inferno) pelos gênios (grego = demônios, anjos) para serem julgadas e ver se devem encarnar novamente. Os gênios fazem a comunicação dos homens e espíritos com Deus. A alma encontra a paz quando em contato com a “Sabedoria” (Sofia), que é sua própria essência, eterna, pura e imortal. A maior felicidade do homem é contemplar Deus. Todo indivíduo é um caos de desejos, emoções e idéias que devem ser harmonizados.
Desejos – instinto, impulso, posse, apetite, bens.
Emoções – espírito, ambição, coragem, poder, combate,
 sentimento, ação, fogo, vitória.
Idéias – pensamento, intelecto, razão, verdade, luz
A justiça está para a alma, como a saúde para o corpo. O mal é a desarmonia. Justiça é a força harmoniosa. A moralidade gira entorno do bem geral. Alcança-se a virtude através do saber (logos). A alma é imortal e eterna, havendo vida após a morte. O homem é uma alma encarnada. Há a reencarnação para a purificação da alma. Deus é Único mas composto de Deus, Sofia, Logos.
            Aristóteles (384 a 322a.C.) – Analisou a natureza e criou as ciências atuais. Classificou as coisas em grupos e novamente as classificou pelos pontos de divergência no grupo. Silogismo é reconhecer característica do indivíduo, a partir das características do grupo. exemplo de silogismo: O homem é um animal racional. João é um homem, logo João é racional.. Deus é um ser incorpóreo, indivisível, sem espaço, assexuado, sem paixão, sem alteração, perfeito e eterno.
A criação – Deus cria o movimento como um motivo de ações e do movimento tudo se cria. O homem é uma unidade consubstanci-alizada de alma e corpo, sendo a alma mortal. Servir é um sinal de superioridade. A principal condição para a felicidade é a vida da razão (de virtude). Alcança-se a virtude através da vontade de ser bom. Virtude é a excelência do conhecimento e só é alcançada com auto controle e simetria de desejos (o “meio termo”).
Por exemplo:
1-entre a covardia + coragem + arrojo, preferir a coragem.
2-entre a humildade + modéstia + orgulho, preferir a modéstia.
3-entre casmurro + bom humor + palhaço, preferir o bom humor.
4-entre a indecisão + controle + impulso, preferir o controle.
5-entre a avareza + liberal + extravagância, preferir liberal.
6-Entre a indolência + ambição + ganância, preferir a ambição

            Epicuro (341 a 270a.C.) –deve-se aproveitar a “vida” no prazer dos sentidos. Através das virtudes se atingi a felicidade.
            Estóicos (340 a 260a.C.) – A vontade individual é inútil em relação a universal, por isto, deve se abster do prazer (material) mesmo que isto traga sofrimento e dor. A derrota é inevitável e deve ser tratada com indiferença, não a querendo. Contente-se com o que tem. Se o que você tem te parece insuficiente, então você pode ter o mundo que te parecerá insuficiente e será infeliz. Não é bom ser senhor e nem servo. Não procure que as coisas aconteçam conforme sua vontade, mas como tem que acontecer. A felicidade é uma consequência do exercício das virtudes ( em especial a renuncia).


PENSAMENTO MODERNO
            Galileu Galilei (1564) – O objeto do saber não são as essências metafísicas das coisas, mas os fenômenos naturais que possam ser provados por experiências.
            O Renacentismo diviniza o homem, institucionaliza a auto suficiência e a autonomia de intelecto, desconsiderando sua dependência de Deus (igreja).
            Descartes (1596) e o Racionalismo, abandonou a tradição, símbolos, mitos e fideísmo para provar Deus pela razão e pelo método dedutivo.
            Francis Bacon (1561) e o Empirismo, provam Deus pelo método indutivo, sem desprezar a dedução e o silogismo. O acaso está para o universo, como a vontade está para o homem. A filosofia é o “saber”. Ela nos leva primeiro a procurar o bens do espírito e o “resto” será dado ou não se sentirá falta dele. O caminho do raciocínio é um caminho em que só se pode passar um homem de cada vez. Devemos nos tornar crianças, desprezando nosso intelecto. O ídolo é um retrato usado como se fosse uma realidade, um pensamento confundido com uma coisa. Misture cuidadosamente coisas boas e más e se tem um bom resultado.
Spinoza – O universo material é o corpo de Deus. A alma é a vida. Formas de agir: 1- Falar de maneira compreensível. 2- Fazer o que nos leva ao nosso objetivo. 3- Gozar só dos prazeres necessários a saúde. 4- Procurar o dinheiro suficiente para viver. Tipos de conhecimento: 1- de ouvi dizer, 2- de vaga experiência, 3- da dedução imediata e 4- da percepção direta. A natureza de nossa mente é desordenada, gerando uma sociedade caótica. Tudo está em Deus e tudo vive e se movimenta em Deus. Nem a mente nem a matéria são Deus, mas os processos mentais, moleculares e vitais. A decisão da mente, o desejo e a determinação do corpo, são a mesma coisa. O intelecto e a vontade estão relacionados com esta ou aquela idéia, assim como a dureza está relacionada com esta ou aquela rocha. A felicidade é o objetivo da conduta humana e depende de seu desenvolvimento. Quanto mais um homem preserva seu ser e procura o que lhe é útil, maior sua virtude. O esforço para conhecer-se, é a primeira e única base da virtude. O homem é presunçoso, só reconhece seus grandes feitos e as más ações dos outros. O ódio se alimenta do sentimento de que ele é recíproco. O ódio daquele que se sente amado por quem ele odeia, perde a força. Não odiamos quem podemos vencer, pois odiar é reconhecer nossa inferioridade e medo. O homem bom procura o que lhe é útil, nada desejando para si que não deseja para os outros. Ser grande é governar a si e não aos outros. A mente humana não pode ser destruída com o corpo, há uma parte que continua eterna. Mas. . . a mente não pode imaginar ou recordar qualquer coisa, exceto enquanto estiver no corpo. A recompensa que Deus dá as nossas virtudes é a felicidade e liberdade em vida. Percebemos as coisas com nossos sentidos e de lá extraímos leis permanentes, usando a inteligência.
            Voltaire – Iluminismo, a razão exige a matéria, não a fé, pois com lógica e ciência o homem resolve seus problemas. Não estar ocupado e não existir é a mesma coisa. Voltaire não acreditava no livre arbítrio, na imortalidade da alma e na reencarnação.
            Russeau – Combateu o materialismo e o iluminismo ateu. No Liberalismo o homem é naturalmente bom e por isto pode realizar seu destino a seu bel prazer (auto-suficiência do homem), mas a civilização (sociedade) é má. Todos os homens são iguais. As leis é uma invenção dos mais fortes para subjugar os demais. A educação faz o homem ficar “esperto” mas não bom. O instinto e o sentimento são mais confiáveis que a razão, por isto devemos usar mais o coração e as afeições que o intelecto.
            Kant – Analisava as questões, pelo processo da antinomia, ou seja, de duas proposições contraditórias, a “tese” e da “antítese”. Afirmava que o principal problema do homem era fazer prevalecer a sociabilidade sobre a personalidade (base para o positivismo). Que a imortalidade da alma é a condição da prática da virtude. Entenda que imortalidade no positivismo, significa sobreviver na lembrança dos outros. E que a moral é o resultado do exercício voluntário da virtude.
            Comentário: O conceito de virtude equivale aos preceitos morais, ou seja, o verbo divino. A execução voluntária das virtudes ou preceitos equivale a ação do Espírito Santo.
            Hegel – As relações são do tipo contraste ou opostos. Ex. bem e mal. A qualquer afirmação tem uma negação. Os sentidos e sentimentos tem dois lados que se opõe e se completam. A critica distingue os dois lados e escolhe o que lhe convém de acordo com  o meio ambiente, momento e objetivos. Toda situação tem uma contradição e a solução está numa posição intermediária entre a situação original e a contradição.
            Comentário – No homem há uma disputa entre o bem e o mal, mas na natureza não há. Nem há uma força do bem e do mal no universo. Há somente o bem, o mal é apenas conseqüência do afastamento do bem. O mal é um bem muito fraco. Percebemos melhor se pensarmos em luz e trevas. Perto da fonte há mais luz e menos sombra mas isto se inverte a medida que nos afastamos da fonte.
            Schopenhauer – A vontade é o elemento permanente e imutável da mente e está associada ao coração e não ao cérebro. Todos os homens de todos os tempos, formam um só homem eterno. O tempo é a ilusão que esconde a unidade das coisas. O homem é o ser inalterável que está diante de nós com os mesmos problemas e situações. Quanto mais as coisas mudam, mais continuam as mesmas. Os sábios sempre dizem as mesmas coisas e os tolos sempre fazem o contrário e assim continuará a ser. A vida oscila entre a dor e o tédio. A juventude acha prazer na vontade e na luta, pois ainda não descobriu que o desejo é insaciável, a realização infrutífera e a derrota é inevitável. É perigoso ler um assunto antes de pensar nele, pois quando lemos o autor pensa por nós e nos domina. A vontade vem da percepção, prevalece no início mas o intelecto deve dominá-la. A felicidade vem de controlar nossa vontade. O gênio é o portador do conhecimento sem influência da vontade. A arte auxilia a contemplação da verdade (distração do ser), sem influência da vontade . A religião auxilia a contemplação do eterno e universal, sem influência da vontade. O cristianismo se baseia em que pecado é a afirmação da vontade e que a salvação é a negação da vontade.
            Augusto Comte ( Positivismo ou Agnotiscismo) – Há três modos de observar a natureza: o teológico, o metafísico e o positivo. O positivismo procura a causa da causa de um evento, em cadeia até esgotar , chegando ao princípio das coisas (Deus). Como não se acha a causa de Deus, chega a um impasse e dá por encerrado o assunto. Comte afirmava:
Os homens são essencialmente egoístas. A utilidade de alguma coisa é a aptidão que ele tem para trocar o mal pelo bem. Fazer o bem ao próximo por amor, mesmo recebendo a ingratidão. E confirmava a afirmação de Kant, que o principal problema do homem é fazer prevalecer a sociabilidade sobre a personalidade, pois a sociabilidade é a solução para o problema humano.

            Comentários :
A sociabilidade de Comte, corresponde a “amar ao próximo como a si mesmo”. Ou seja, purificar os instintos e excitar o altruísmo. Mesmo assim a  moral “positivista” não é científica, porque não é exercida através de um procedimento ou modelo padrão. O que implica que o cristianismo é científico, porque tem um modelo padrão, que é Jesus. Comte entendia moral como um comportamento coletivo e só conseguiu separar os conceitos de moral “individual” da sociologia “coletiva” no fim de sua vida, mas não corrigiu sua obra, concebida anteriormente. Comte entendia por liberdade, uma paz proveniente da independência, ou da não dependência de nada. Mas mesmo na liberdade, sentimos a necessidade de Deus que é o modelo do “ser perfeitamente liberto”.
            Nietzsche - Os homens são desiguais e a moralidade é invenção dos fracos para deter os fortes. O poder é a virtude suprema e desejo do homem. Use a inteligência em vez de altruísmo e força em vez de bondade. Criou o personagem  Zaratustra.


PENSAMENTO CONTEMPORÂNEO
            Bergson – A mente (intelecto) é matéria pois surge nos neurônios e sua existência é como o fluxo de um rio, cuja correnteza (pensamento) depende do leito (cérebro). A duração do tempo é o processo contínuo do passado ao futuro. O passado inteiro vem ao presente e ali fica, real e atuante. A mente guarda as imagens de tudo, quadro a quadro, como um filme de cinema. A memória é o veículo da duração do tempo. A consciência é proporcional ao poder de escolha. A escolha é a criação e a criação é o trabalho. A criação é opressiva e exige muito esforço. Ser livre é saber o que está fazendo. A mente é composta por elementos físicos químicos, definidos a cada instante, como os quadros da fita de cinema, que quando em movimento apresenta a estória. Também como uma curva que é compostas pelos pontos de tangência com retas de direção diferentes. A estas retas, Bergson chama de “vitalidade”. A consciência é em princípio, inerente a vida. Deus e vida são a mesma coisa, mas este deus é finito, não onipotente e não onisciente.
Comentário - Comparando a filosofia de Bergson com a religião ele descreve claramente a ação do espírito na formação dos pensamentos. A mente é a curva, a tangente é o espírito e a alma é o ponto de tangência, onde a mente e o espírito se fundem, gerando a vida. Sem Ter consciência disso, Bergson, prova que a alma é a união do corpo com o espírito. Qual seria a origem e conteúdo da “vitalidade” de Bergson? A “vitalidade “ é o Espírito Perfeito, que quer que a mente trace uma reta, coincidindo, mente e espírito, mas o erro causado pela má interpretação das sensações, causa um desvio na curva, não permitindo que nosso pensamento seja igual ao espírito perfeito.

 Santayana – A fé animal pode ser a fé em um bom mito. Os mitos podem ser tratados com raiva nas superstições ou com sorriso na poesia. O problema da filosofia é planejar um meio para que o homem exerça a virtude, sem estímulos de esperança e temor sobrenaturais.
            Willian James – Há homens idealistas e realistas. Os primeiros são otimistas e teístas os outros são pessimistas e cépticos. O politeísmo sempre foi a religião das pessoas comuns, até nos dias de hoje.

RELIGIÃO PARA FILÓSOFOS
            Os filósofos são avessos aos dogmas, no entanto eles são grandes criadores dos mesmos. Não gostam de explicações sobrenatural. Por se limitar ao mundo natural a filosofia deve ser classificada como uma ciência incompleta pois não consegue explicar algumas coisas da relação do natural com o sobrenatural ou espiritual, por exemplo estas afirmativas abaixo:

1-      O procedimento do homem é mau, pois vive na fantasia e ilusão das coisas materiais. Engana-se constantemente.
2-      A alma é o próprio ser pensante e é uma fusão de matéria e espírito.
3-      A criação é resultante da fusão de ciência e ação. A realidade é o movimento que esta fusão causa.
4-      Deus é o poder criador que contém toda ciência e ação em fusão permanente.
5-      A ação ou Espírito de Deus está em todo lugar, tudo conhece, pois tudo move conforme o conhecimento (lei) específico escolhido por esta ação.
6-      Toda vez que se descobre algo novo significa que aquilo que se conhecia estava incompleto e logo se adere a nova forma de pensar e de ver as coisas.
7-      Ao adquirir um conhecimento, mudamos nosso proceder, passando a agir conforme este conhecimento.
8-      A medida em que se aprende, cresce-se em conhecimento, transforma seu proceder, torna-se mais seguro daquilo que se conhece e adquiri-se mais e mais tranqüilidade, cujo limite é a verdadeira paz.
9-      Na natureza, tudo nasce, cresce e morre, decompondo-se, voltando ao solo. Assim é o homem, quando morre é sua alma que morre, seu corpo se decompões e seu espírito nunca existiu (não é matéria).
10-  Quando se descobre uma verdade, adquiri-se conhecimento. A segurança que se tem nesta verdade e o apego com que a defende, demonstram a intensidade da fé que se tem neste conhecimento.
11-  As vezes temos a impressão que já sabíamos daquele ensinamento que nos foi ministrado pela primeira vez.
12-  O Espírito pertence ao campo metafísico, não é material, não tem forma, nem nada, para ele não há obstáculos, tudo é movimento. É apenas um “sopro” que passa.
13-  O homem inteligente procura conhecer as coisas que estão ao seu redor, sua origem, sua formação, etc e desfrutar deste conhecimento, adquirindo segurança e paz..

As questões acima definem os seguintes conhecimentos:
1-definição de pecado, mal e demônio
2-definição de alma
3-criação
4-definição de Deus e monoteísmo
5-definição de Espírito de Deus e monoteísmo
6-Conversão
7-Serviço e definição de servo e senhor
8-definição de Salvação, livre arbítrio, renuncia e vida eterna.
9-Mortalidade da alma
10-definição de Fé, definição de ovelha e pastor
11-Revelação
12-definição de Espírito
13-O homem necessita de Deus

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